Final do primeiro dia de aula de fotografia com as meninas da comunidade, saio da escola e paro no bar de Uiatã, que fica em uma encruzilhada do largo da Cidade Nova, para uma cervejinha gelada. De repente, fazendo zig-zag na ladeira, sobe um senhor negro, com os pés descalços, que pára em minha frente e começa o rápido diálogo:
− Me dê um dinheiro aí.
− Pra que você quer dinheiro?
− Pra comprar empada.
− Que porra de empada, rapá?! Qual é o seu nome?
− Boca...
Procurei umas moedas... Não tinha. Peguei emprestado com Uiatã e dei a ele. E começamos novamente:
− Tem mais? (Perguntou ele.)
− Não! Aí está bom! Onde você mora? (Continuei.)
− Na rua 7! (E foi saindo.)
O 7 me fez parar e refletir... Em plena segunda-feira, um cara descalço, se apresenta como Boca, pede dinheiro pra cachaça e diz morar numa rua 7. Corri ao seu encontro e como se não soubesse com quem eu dialogava fiz a última pergunta de hoje:
− O que o senhor traz aí na mão?
******* O mensageiro está no meio de nós!
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