Há mais ou menos 2 meses, durante uma agradável conversa multitemática com a talentosa fotógrafa paulista Fer d'Andrade, em meio a assuntos como textos sobre fotografia, tatuagens, música, religião e projetos profissionais, encontramos uma situação especial e bastante comum em nossas vidas, que vem nos estimulando a trabalhar com a imagética das manifestações dos Orixás fora dos terreiros de candomblé através das nossas fotografias.
Já escrevi aqui no blog sobre este tema, o Aṣẹ́ Oríṣa e, hoje, reafirmo a importância de entender essa força nas suas mais variadas manifestações. Como pessoa, sinto-me um iluminado por perceber as suas aparições; Como fotógrafo, um privilegiado por ter a permissão dos Encantados de poder revelá-las. Foi assim, na última sexta-feira, com Ògún. E como prometido nas redes sociais, venho contar um pouco mais desse episódio em 21 atos, fatos e fotos.
1. Início: Largo dos Aflitos
2. Ògún, fazendo valer o seu título de General, está de prontidão, próximo ao Quartel dos Aflitos.
3. Ele sente a presença de um Filho-Irmão se aproximando e pede agô a Ọbalùfòn para acompanhá-lo no seu caminho ao trabalho.
4. Encontro: Casa d'Itália:
5. Ògún me vê, vem ao meu encontro, passa por mim, para em minha frente, olha para mim, sorri e diz: "Bom dia, Caçador!"; Retribuo, também, com um sorriso e o cumprimento: "Ògún Yè!".
6. Ele olha pra frente e faz com que eu siga seus passos. Passamos pela frente do Passeio Público, pelo Raso da Catarina, pelo ponto de ônibus da Subway e, antes de chegarmos ao Largo 2 de Julho, Ele para novamente.
7. Alerta: Encruzilhada Campo Grande - Rua Banco dos Ingleses
8. Ógún para, olha para mim, sinaliza ter visto algo e manda eu seguir em frente.
9. Ele vira à direita para se encontrar com o Mensageiro e eu, obediente, sigo pelo Campo Grande, sem olhar pra trás, imaginando que ali tinha sido o final da sua missão comigo.
10. Reencontro: Corredor da Vitória
11. Caminhando e pensando no encontro, vejo o vulto negro do General passando à minha esquerda. Novamente Ele para e me olha como quem diz: "Está tudo bem!". Abro um sorriso e Ele segue na frente.
12. Ainda no Corredor da Vitória, Ele escolhe uma árvore e demarca o território.
13. Seguimos adiante até que chegamos ao Largo da Vitória, quando Ògún faz uma parada longa. Observa um gari varrendo a rua e, logo a frente, as pessoas no ponto de ônibus. Trocamos olhares e Ele reinicia a nossa caminhada.
14. Comunicação: Ladeira da Barra - Aliança Francesa
15. Outra parada do General. Outra troca de olhares. Não entendi bem o porquê de ser nesta instituição. Talvez Ele esteja me dizendo que a França é um caminho para o meu trabalho. Analisando: França, arte, Pierre Fatumbi Verger, fotografia...
16. Ògún logo se volta pra frente e parte em ritmo acelerado, desce a ladeira tão rápido que tenho que dar um trote para conseguir acompanhá-lo, até que, ao chegar próximo ao Yacht Club da Bahia, ele atravessa a rua.
17. Presságio? Mansão Clemente Mariani
18. Ògún chega ao portão de entrada da Mansão Clemente Mariani e dois cães descem para recebê-lo. Observo o ato e logo percebo uma conexão com um sonho meu. Sempre que passo por esse lugar, imagino que ali poderia ser um grande Terreiro de Candomblé. Com a casa de Èṣu logo ali na entrada e mais pra cima todos os fundamentos sagrados do Axé... Será?!
19. Ele atravessa a rua de volta, e seguimos adiante. Reverenciamos Egún no Cemitério dos Ingleses, passamos pela igreja de Santo Antônio da Barra e, enfim, chegamos ao Porto da Barra.
20. Ato final e Inicial: Porto da Barra
21. Ògún para em frente ao Mauá e olha para a porta. Não diz nada e nem precisa. Sua missão comigo está cumprida. Eu entro e Ele segue. Provavelmente para acompanhar um outro Filho-Irmão nas estradas do cotidiano da Bahia.
O que significaria a aparição do Senhor das Guerras numa sexta-feira, num dia dedicado ao Senhor da Paz? O que Ògún queria que eu entendesse em 21 atos?
Pois bem! Sexta-feira, 5 de setembro de 2014 (05/09/2014)... Pelos números da data, 21 (Fundamento de Ògún)... Pelos números dos fundamentos, 3 (Etaògúndá, caminho regido por Ògún).
Tão importante quanto encontrar essas respostas é estabelecer uma conexão. É saber agradecer a luz e a proteção que nos são concedidas a todo o tempo. É reverenciar o Orixá como as energias que movimentam as nossas vidas.
Estamos entendidos, meu General! Dia 5 de outubro de 2014, o seu banquete estará sendo servido em nossa casa. Este ano, com a presença luxuosa da Fer d'Andrade. Quanta honra!
A Ògún, respeito, dedicação e fé!
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Links para trabalhos da Fer d'Andrade:
http://www.fdefotografia.com/
https://www.facebook.com/FdeFotografia
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